sábado, julho 09, 2011

Descontinuar o ciclo das Ferramentas/Produtos e do inconsequente, equivocado e devastador comércio das mesmas, esta é a proposta objetiva.

Nossos ancestrais, há milhares de anos, observando o meio que habitavam, descobriram que pedras, restos de ossos de animais abatidos para sua própria sobrevivência e de seu grupo, proporcionavam vantagens contra seus predadores e vantagens, principalmente, na busca por alimento. Inventaram as ferramentas/produtos, multiplicando sua capacidade e força, alterando o meio que habitavam e iniciando a interrupção do equilíbrio ecológico ao qual todas as milhares de espécies vivas no Planeta Terra estão subjugadas. A invenção dos produtos agricultura e pastoreio, permitiu o desequilibrio básico e fundamental. Pode-se, a partir daí, inicar a jornada de dominação de muitos indivíduos por uns poucos que detinham o domínio das fontes de nutrientes e energia.

No entanto, a invenção e criação de ferramentas/produtos, ação inicialmente vantajosa para nossa espécie, hoje domina os humanos. Produção e comercialização de ferramentas/produtos parece terem subjudado seus criadores tornando-se verdadeiros parasitas da nossa espécie Homo sapiens sapiens, ou seja, não EXISTEM sem os humanos. E, consequentemente, subjugam o Planeta Terra. Desta forma, observa-se um sentido inverso da vantagem inicial.

Produtos e sua comercialização em uma forma desenfreada não fazem parte do ciclo da vida existente no planeta. Ciclo que abriga todas as espécies vivas do planeta. Logo, qualquer produto humano vinculado à produção/comercialização por mais novo, embrulhado e acabado, por não estar inserido neste clico da vida, é lixo já em sua origem. Não existe, nas outras milhares de espécies vivas do planeta não vinculada à nossa produção de lixo. No ciclo da vida não há lixo. Logo, a produção humana não fazendo parte deste ciclo e torna-se agressiva produtora de lixo.

Produtos não "andam" e não procriam; são criados e movidos por humanos e deveriam estar a serviço dele. Se não houvessem humanos no Planeta Terra, não haveriam produtos. A quantidade de ferramentas/produtos hoje existente é um número inimaginável e incontável. Vá a um supermercado e olhe ao seu redor com mais atenção. Estamos falando de um só supermercado, mas são farmácias, distribuidoras, lojas, indústrias... Pense agora no destino final de toda essa produção. A lógica então pode ser a seguinte: para produzir, transportar e consumir todo este amontoado de lixo (lembre-se, ferramentas/produtos não fazem parte do clico da vida existente no planeta) é obrigatória a existência de humanos. Então, se há um número imensurável de produtos, logo terá de haver um número significativo de humanos para aproveitá-los, transportá-los de um lado para outro e comercializá-los. A população humana no planeta dobrou após a revolução industrial, ultrapassando a escala do primeiro bilhão. Hoje somos cerca de 7 BILHÕES. Reflitamos, então, os produtos existem para os humanos ou os humanos existem para os produtos?

Leia o knol Sucesso ou fracasso: o código da espécie humana.

Ciente deste fato, será sempre uma medida paliativa e de interesse dos produtos e sua comercialização conceitos como "crescimento sustentável" e "desenvolvimento sustentável". O progresso e sucesso de nosso planeta e de todas as espécies que nele habitam dependem tanto da racionalização do ciclo invenção de novos produtos como da comercialização dos já existentes, uma vez caracterizados o excesso de produção em nosso planeta. Mas, antes de tudo, depende de assumirmos uma nova forma de habitar em favor do homem e do planeta Terra e engajarmos na discussão desse tema na elaboração de propostas para a sociedade.


Proposta nº 1: Descontinuar financiamentos e intermediação de bancos sobre aquisição de produtos.

Sugere-se como primeira ação a favor do Planeta Terra a descontinuação de produtos relacionados a financiamentos e ações de bancos.

Se passarmos a não adquirir produtos com a intermediação de financiamentos ou bancos, além de favorecer o planeta (caminho mais eficaz para uma drástica redução na produção e comercialização de produtos), favoreceríamos a nós próprios. Pense no grau de envolvimento e encantamento que os produtos têm sobre nós. Um número incontável de humanos acaba se tornando inadimplente. E angustiados e estressados, adoecem. Muitos, sabemos, quando percebem a não escapatória do grau de endividamento a que foram levados, chegam ao suicídio.

Se você avaliar que a proposta desta descontinuação de financiamentos e ações de bancos é direcionada a favorecer a nós, humanos, e ao planeta, participe propondo caminhos para ação!

Seja ecologicamente correto!
Prefira sempre compras à vista!
Ajude o Planeta Terra a resgatar o equilíbrio.



Porque Repensar com Novos Valores

Se quisermos participar na defesa do planeta, proponhamos inicialmente a não olhar produtos como intrínsecos à existência de nossos organismos (não os são, de fato). Depois, proponhamos desacelerar a velocidade de sua comercialização (avalie a utilidade/necessidade antes de comprar qualquer produto). E nunca aceitar adquiri-los através de financiamentos.

O produto dinheiro ocupa o nível mais nefasto desta cadeia de produção e consumo e é atualmente exaltado pelo sistema capitalista na propagação do orgulho e egoísmo humano, ocasionando as atuais anomalias na concentração da imensa camada dos pobres e descontentes por meio do desemprego, violência, fome, doenças e miséria.

Difunda esta idéia, debata com seus amigos e parentes, pois a situação é urgente e a mesma natureza que nos impulsionou ao progresso atualmente nos conduz em retrocesso ao responder inexoravelmente aos nossos erros, enquanto não repensarmos os reais valores de produção.

O objetivo fundamantal é agregar idéias para juntos estudar opções para nossa espécie, para todas as outras espécies e, consequentemente, a vida no planeta.


Espécie humana estará extinta em 100 anos?

A espécie humana estará extinta em menos de um século. A previsão nada otimista é do conceituado biólogo australiano Frank Fenner, professor da Universidade Nacional Australiana e um dos responsáveis pela erradicação da varíola.

Em entrevista ao jornal "The Australian", publicada na quinta-feira (17/06/2010), ele explicou que por conta "da explosão demográfica e do consumo desenfreado" a humanidade não será capaz de sobreviver.

"Seremos extintos. Tudo o que fizermos agora será tarde demais", disse o pesquisador, hoje com 95 anos.

A afirmação foi feita durante uma rara ocasião em que Fenner se dispôs a falar com a imprensa. Membro da Academia Australiana de Ciência e da Sociedade Real, o biólogo já publicou centenas de artigos científicos e escreveu, sozinho ou em parceria, 22 livros.

"Como a população continua a crescer para sete, oito ou nove bilhões haverá muito mais guerras por alimentos", diz. "Os netos de gerações de hoje vai enfrentar um mundo muito mais difícil."

Polêmico, ele credita ainda à falta de ação para se reduzir emissões de gases do efeito de estufa o trágico destino da humanidade. "Vamos sofrer o mesmo que o povo da Ilha de Páscoa", afirmou. "A mudança climática está apenas no começo. Mas nós estamos vendo mudanças notáveis desde já".

"A espécie Homo sapiens será extinta, possivelmente dentro de 100 anos", disse. "Um monte de outros animais também serão. É uma situação irreversível. Eu acho que é tarde demais. Tento não me manifestar sobre isso, porque as pessoas estão tentando fazer alguma coisa".

O jornal The Australian lembra que a opinião de Fenner é compartilhada por outros cientistas, porém abafada na discussão entre os pesquisadores que creem e os que são céticos em relação às mudanças climáticas.

Na semana que vem Fenner fará a abertura do simpósio sobre Clima, Planeta e Pessoas Saudáveis, na Academia Australiana de Ciência. Em 1980, durante uma Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), foi ele quem anunciou a erradicação global da varíola, única doença a ser considerada erradicada em todo o mundo.

Copiado de:
Yano, de EXAME.com
Sexta-feira, 18 de junho de 2010 - 12h42
O Pior Erro na História da Raça Humana
Por Jared Mason Diamond

À ciência nós devemos mudanças dramáticas em nossa presunçosa auto-imagem. A astronomia nos ensinou que nossa Terra não é o centro do universo, mas somente um de seus bilhões de corpos celestes. Da biologia nós aprendemos que nós não fomos especialmente criados por Deus, mas frutos da evolução dos seres vivos junto com milhões de outras espécies. Agora a arqueologia está demolindo outra convicção sagrada: que a história humana sobre os milhões de anos do passado teria sido uma longa jornada de progresso. Em particular, achados recentes sugerem que a adoção da agricultura, supostamente nosso passo mais decisivo em direção a uma vida melhor, foi de muitas formas uma catástrofe da qual nós nunca mais nos recuperamos. Com a agricultura veio uma brutal desigualdade social e sexual, a doença e o despotismo, que aflige nossa existência.

Inicialmente, as evidências contra esta interpretação revisionista serão percebidas pelos americanos do século vinte como irrefutáveis. Nós estamos em melhor situação do que as pessoas da Idade Média em quase todos os aspectos, que por sua vez tiveram mais facilidades que os homens das cavernas, que por sua vez ficavam em melhor situação que os macacos. Somente contamos nossas vantagens. Nós apreciamos a grande abundância e variedade de alimentos, as melhores ferramentas e bens materiais, um das fases de maior longevidade e saúde da história. A maioria de nós está protegida da fome e de predadores. Nós obtemos nossa energia do petróleo e máquinas, não de nosso suor. Qual neo-Ludita (movimento social inglês contrário à mecanização, do início do século XIX) entre nós trocaria essa vida pela de um camponês medieval, de um homem da caverna, ou de um macaco?

Na maior parte de nossa história nós sustentamos a nós mesmos pela caça e pela coleta: nós caçamos animais selvagens e apanhávamos plantas silvestres. É uma vida que os filósofos tem tradicionalmente considerado como sórdida, bruta, e limitada. Uma vez que nenhuma comida é cultivada e pouca pode ser armazenada, existe (nesta visão) nenhum momento de repouso para a constante luta que começa novamente todos os dias em busca de alimentos silvestres, para evitar o sofrimento da fome. Nossa fuga desta miséria foi facilitada somente há 10.000 anos atrás, quando em partes diferentes do planeta as pessoas iniciaram a domesticar plantas e animais. A revolução agrícola expandiu-se até hoje e é quase universal e poucas tribos sobrevivem no modelo caçador-coletor.

Da perspectiva progressivista em que eu fui educado, perguntar "Por que quase todos os nossos antepassados caçador-coletores adotaram agricultura?" é tolo. Claro que eles adotaram isto porque a agricultura é um modo eficiente de adquirir mais alimento com menos trabalho. As colheitas de plantações rendem muito mais toneladas por acre que raízes e bagas. Somente imagine um bando de selvagens, exausto de procurar por nozes ou de perseguir animais selvagens, de repente arrecadando alimentos com tranqüilidade, pela primeira vez, em um pomar carregado de frutas, ou de um campo repleto de ovelhas. Quantos milissegundos você pensa que eles levariam para apreciar as vantagens da agricultura?

Os partidários progressivistas algumas vezes chegam a ponto de creditar à agricultura o notável florescer das artes que teria acontecido ao redor dos últimos milhares de anos. Já que as colheitas podem ser armazenadas, e considerando que leva menos tempo pegar comida de um jardim do que encontrá-la na natureza, a agricultura deu a nós tempo livre que os caçadores-coletores jamais tiveram. Deste modo seria a agricultura que nos habilitou a construir o Parthenon ou a compor uma sinfonia.

Apesar disso parecer indiscutível na visão progressivista, é difícil de ser provado. Como você demonstra que as vidas das pessoas de 10.000 anos atrás melhoraram quando eles abandonaram a caça e a coleta pela agricultura? Até recentemente, os arqueólogos tinham que recorrer à provas indiretas, cujos resultados (surpreendentemente) fracassaram em sustentar a visão progressivista. Esse é um exemplo de um teste indireto: Seriam os caçadores-coletores do século XX realmente piores do que os fazendeiros? Espalhados pelo mundo, vários grupos de pessoas consideradas primitivas, como os bosquímanos (bushmen: homens da floresta, primitivos dos bosques) Kalahari, continuam a se sustentarem da mesma maneira. Isso significa que eles têm bastante tempo de lazer, um bom período de sono, ou trabalhem menos do que os seus vizinhos agricultores. Por exemplo, o tempo médio dedicado toda semana para obter comida é somente 12 a 19 horas para um grupo de bosquímanos, 14 horas ou menos para os nômades de Hadza da Tanzânia. Um bosquímano, quando perguntado por que ele não imitava as tribos vizinhas, adotando a agricultura, replicou: "Por que nós deveríamos, quando existem tantas nozes "mongongo" no mundo?"

Enquanto os fazendeiros se concentram em colheitas de alto teor de carboidratos como o arroz e batatas, a mistura de plantas e animais selvagens das dietas dos sobreviventes caçadores-coletores oferecem mais proteína e um melhor equilíbrio de outros nutrientes. Em um estudo, a ingestão média diária de alimento do bosquímano (durante um mês, quando a comida era abundante) era de 2.140 calorias e 93 gramas de proteína, consideravelmente maior que a ração diária recomendada para as pessoas de seu porte. É quase inconcebível que os bosquímanos, que comem 75 ou mais plantas silvestres, possam morrer de fome da mesma maneira que centenas de milhares de fazendeiros irlandeses e suas famílias morreram durante a escassez de batata da década de 1840.

Assim as vidas dos coletores-caçadores sobreviventes não eram tão sórdidas ou brutas, embora os fazendeiros os tivessem empurrado para alguns dos piores locais do mundo. Mas as sociedades coletoras modernas que compartilharam com as sociedades agrícolas por milhares de anos não nos informam sobre as condições prévias à revolução agrícola. A visão progressivista está realmente fazendo uma alegação sobre um distante passado: que as vidas dos povos primitivos melhoraram quando eles trocaram de coletores para a agricultura. Os arqueólogos podem datar essa troca distinguindo sobras e vestígios de plantas e animais selvagens e domesticados em monturos (coleções de lixo alimentar e excrementos) pré-históricos.

Como se pode deduzir sobre a saúde dos fabricantes desse lixo pré-histórico, e assim diretamente testar a visão progressivista? Essa questão ficou possível de ser solucionada apenas em anos recentes, em parte pelas novas técnicas emergentes de paleopatologia, o estudo de sinais de doença nos restos mortais em indivíduos do passado.

Em algumas situações favoráveis, o paleopatologista tem quase tanto material para estudar como um patologista atual. Por exemplo, os arqueólogos nos desertos chilenos encontraram múmias bem preservadas cujas condições médicas na época da morte poderiam ser determinadas por autópsia (Discover, outubro). E as fezes de índios de um passado remoto, que viviam em cavernas, em Nevada, permanecem suficientemente bem preservadas para serem examinadas para pesquisa de vermes intestinais e outros parasitas.

Normalmente o único resíduo humano disponível para estudo são os esqueletos, mas eles permitem um número assombroso de deduções. Para começar, um esqueleto revela o sexo do seu dono, o peso, e idade aproximada. Nos poucos casos onde existem muitos esqueletos, pode se fazer tabelas de mortalidade à semelhança daquelas utilizadas pelas companhias de seguro de vida, para calcular a expectativa de vida e o risco de morte para qualquer idade fornecida. Os paleopatologistas também podem calcular as taxas de crescimento medindo os ossos das pessoas de idades diferentes, examinando os dentes através de defeitos de esmalte (sinais de desnutrição na infância), e reconhecendo as cicatrizes que ficam nos ossos pela anemia, tuberculose, lepra, e outras doenças.

Um exemplo objetivo do que os paleopatologistas descobriram a partir de esqueletos diz respeito à mudanças históricas na altura. Nos esqueletos da Grécia e Peru ficou demonstrado que a altura média de um coletor-caçador ao redor do final da idade do gelo era de generosos 1,79 m (5 ' 9" pés) para homens, e 1,67 m (5 ' 5" pés) para mulheres. Com a adoção de agricultura, a altura despencou, e por volta de 3000 a. C. alcançou uma redução para 1,61 m (5 ' 3" pés) para os homens, 1,52 m (5 ' pés) para mulheres. Nos tempos clássicos ocorreu uma lenta recuperação da altura, mas os gregos e turcos modernos ainda não recuperaram a altura média de seus antepassados distantes.

Outro exemplo de paleopatologia diz respeito ao trabalho de estudo de esqueletos de indígenas de colinas funerárias nos vales de rio de Illinois e Ohio. Nas colinas de Dickson, localizada próxima à confluência dos rios de Colher e Illinois, os arqueólogos escavaram alguns 800 esqueletos que ilustram um quadro das mudanças da saúde que aconteceram quando a cultura de caçador-coletor deu lugar para o cultivo intensivo de milho ao redor de 1150 dC. Os estudos de George Armelagos e seus colegas de então na Universidade de Massachusetts mostra que esses primeiros fazendeiros pagaram um preço para sua forma de sustento. Comparado ao caçador-coletor que precedeu a eles, os fazendeiros tiveram quase 50% de aumento em defeitos no esmalte indicativos de desnutrição, um aumento em quatro vezes na anemia por deficiência de ferro (comprovado por uma condição óssea denominada de hiperostosis porótica), uma triplicação em lesões nos ossos que refletiam alguma doença infecciosa em geral, e um aumento nas condições degenerativas da espinha vertebral, provavelmente refletindo muito trabalho físico desgastante. "A expectativa de vida ao nascimento na comunidade pré-agrícola era em torno de vinte e seis anos," diz Armelagos, "mas na comunidade pós-agrícola seria de dezenove anos. Portanto esses episódios de stress nutricional e por doenças infecciosas, afetou gravemente sua habilidade de sobreviver."

Essas evidências sugerem que os índios das Colinas de Dickson, como muitos outros povos primitivos, se iniciaram na agricultura não por escolha mas por necessidade de alimentar um constante aumento no número de indivíduos de suas populações. "Eu não acredito que a maior parte dos povos coletores-caçadores iniciassem a agricultura até um determinado momento que eles se viram obrigados, necessariamente a iniciá-la, e quando eles trocaram para a agricultura eles negociaram qualidade pela quantidade," diz Mark Cohen da Universidade do Estado de Nova Iorque em Plattsburgh, co-editor com Armelagos, de um dos livros primordiais desse campo de pesquisa: Paleopatologia nas Origens de Agricultura. "Quando eu comecei pioneiramente a tornar público esse argumento dez anos atrás, poucas pessoas concordavam comigo. Agora acabou se transformando num respeitável, embora controverso, lado desse debate."

Existem pelo menos três conjuntos de razões para explicar porque a agricultura era ruim para a saúde. Primeiro, os caçadores-coletores apreciavam uma dieta variada, enquanto os primeiros fazendeiros obtinham a maior parte de sua comida a partir de um ou alguns poucos alimentos da colheita. Os fazendeiros obtinham caloria barata às custas de uma nutrição pobre. (Atualmente apenas três vegetais fornecem altas taxas de carboidratos: trigo, arroz, e milho – fornecem a maior parcela das calorias consumidas pela espécie humana, e cada qual é deficiente em certas vitaminas ou aminoácidos essenciais para a vida.) Segundo, por causa da dependência de um número limitado de alimentos fornecidos pelas colheitas, os fazendeiros corriam o risco da fome se uma colheita falhasse. Finalmente, o simples fato da agricultura encorajar as pessoas para associação em sociedades lotadas, muitas das quais começaram a estabelecer ligações comerciais com outras populosas sociedades, proporcionou a propagação de parasitoses e doenças infecciosas. (Alguns arqueólogos entendem que foi a aglomeração, e não a agricultura, que promoveu essas doenças, mas isso é uma discussão do tipo "ovo-e-galinha", porque a aglomeração populacional estimulou a agricultura e vice-versa.) As epidemias não poderiam ganhar relevância enquanto as populações fossem difundidas em pequenos espaços geográficos, que constantemente trocavam de acampamentos. A tuberculose e as doenças diarréicas tiveram que aguardar a sedimentação da agricultura, o sarampo e a peste bubônica aguardaram o aparecimento das grandes cidades.

Além de desnutrição, da fome, e das doenças epidêmicas, a agricultura foi fundamental para originar outra maldição da humanidade: as divisões de classes. Os caçadores-coletores tinham pouco ou nenhum armazenamento de comida, como também não tinham fontes concentradas de alimentos, como um pomar ou um rebanho de bovinos: eles viviam do consumo de plantas e animais selvagens que eles procuravam a cada novo dia. Desse modo, não poderia haver nenhum rei, nenhuma classe de parasitas sociais que acumulassem gordura dos alimentos fornecidos pelos demais. Apenas uma população agrícola pode manter uma elite de membros saudáveis, não-produtores vivendo em cima de massas populacionais pobres e enfermas. Os esqueletos das tumbas gregas em Micena, 1500 AC., sugere que essa realeza apreciava uma dieta muito melhor que a dos demais cidadãos, uma vez que os esqueletos reais eram dois ou três polegadas mais altas e tinham dentes melhores (em média, uma ao invés de seis cavidades ou dentes perdidos). No meio das múmias chilenas, 1000 DC., a elite não seria distinguida apenas pelos ornamentos e pelos clipes de ouro de seus cabelos, mas também por uma taxa mais baixa (quatro vezes menor) de lesões ósseas causadas por doenças.

Os contrastes semelhantes em nutrição e saúde persistem em uma escala global hoje. Para os povos de países ricos, como dos Estados Unidos, soa ridículo exaltar as virtudes da caça e da coleta. Mas americanos são uma elite, dependente do óleo e minerais que freqüentemente devem ser importados de países com baixas taxas de saúde e nutrição. Se alguém pudesse escolher entre ser um lavrador da Etiópia ou um bosquímano coletor de Kalahari, qual você imagina ser a escolha melhor?

A agricultura também pode ter promovido a desigualdade entre os sexos. Livres da necessidade de transportar seus bebês durante uma existência nômade, e sob a pressão de produzir mais mãos para o cultivo nos campos, as mulheres camponesas ficavam grávidas com mais frequência que as mulheres caçadoras-coletoras – com conseqüente prejuízo em sua saúde. Entre as múmias chilenas, por exemplo, mais mulheres que homens apresentavam lesões ósseas por doenças infecciosas. As mulheres nas sociedades agrícolas eram transformadas em bestas de carga. Na Nova Guiné, em suas comunidades agrícolas, eu frequentemente vejo mulheres que cambaleiam debaixo de cargas de legumes e lenha enquanto os homens caminham de mãos vazias. Uma vez, durante um estudo de campo de pássaros, eu ofereci pagamento para alguns aldeãos levar suprimentos de uma pista de vôo até meu acampamento na montanha. A carga mais pesada era uma bolsa de 110 libras (aprox.: 50 kg) de arroz, que eu atribuí a um grupo de quatro homens fazerem tal carregamento. Quando eu alcancei os aldeãos, descobri que os homens estavam levando cargas leves, enquanto uma pequena mulher, pesando menos que a carga de arroz, estava curvada debaixo da mesma, sustentando seu peso com uma corda ao redor de suas têmporas.

Em relação ao argumento de que a agricultura ensejou o florescer da arte nos fornecendo mais tempo para o lazer, os modernos caçadores-coletores têm pelo menos tanto tempo livre quanto os fazendeiros. A ênfase dedicada ao tempo de lazer, como um aspecto crítico, me parece equivocadamente compreendida. Os gorilas tem tido amplo tempo livre para construírem seu próprio Parthenon, quando quisessem. Enquanto os avanços tecnológicos pós-agrícolas permitiram o surgimento de novas formas de arte com mais facilidades para sua preservação, grandes pinturas e esculturas já estavam sendo produzidas pelos caçadores-coletores há 15.000 anos atrás, e continuam ainda sendo produzidas tão recentemente quanto nesse último século por tais povos, como os esquimós e os índios do Noroeste do Pacífico.

Deste modo, com o advento de agricultura a elite ficou em melhor situação, mas a maioria das pessoas ficou nas piores situações de existência. Em vez de se associar à linha partidária progressivista, de que nós escolhemos a agricultura porque ela é melhor para nós, deveríamos nos perguntar como fomos aprisionados por ela, apesar de suas armadilhas.

Uma resposta se resume ao provérbio "Poderia ser melhor." A agricultura poderia sustentar muito mais pessoas do que a caça, embora com uma qualidade mais pobre de vida. (As densidades populacionais de caçadores-coletores são raramente mais de uma pessoa por dez milhas quadradas, enquanto que entre os agricultores as densidades chegam a 100 vezes essa taxa.) Em parte, isto é devido ao fato de um campo estar completamente plantado com produtos comestíveis, permitindo alimentar muito mais bocas do que uma floresta com plantas comestíveis dispersas. Em parte, também, porque os nômades têm que manter suas proles espaçadas em intervalos de quatro anos, uma vez que uma mãe deve manter seus filhos até que seja velho o suficiente para acompanhar os adultos. Como mulheres agricultoras não têm tal fardo, elas podem, e freqüentemente cuidam de uma nova criança a cada dois anos. Como as densidades das populações dos povos caçadores-coletores lentamente subiram no final das eras de gelo, os grupos tinham que escolher entre alimentar mais bocas assumindo os primeiros passos em direção à agricultura, ou então encontrando caminhos para limitar o crescimento. Alguns desses grupos escolheram essa nova solução, pois foram incapazes de prever os perigos da agricultura, sendo seduzidos pela abundância passageira que eles aproveitaram até que o crescimento da população ultrapassou a produção de alimentos. Tais grupos se miscigenaram, se espalharam por outros territórios, ou até mesmo mataram os grupos que escolheram permanecer como caçadores-coletores, porque cem agricultores mal nutridos podem ainda vencer um caçador saudável. Não foram os caçadores-coletores que abandonaram seu estilo de vida, mas aqueles que seriam sensatos o suficiente para não abandonar esse estilo de vida, seriam obrigados a abandonarem qualquer extensão de terra, exceto aquelas que os fazendeiros não desejassem.

Até então é instrutivo ressaltar uma acusação que é comumente dirigida à arqueologia, adjetivando-a de luxuriosa, por estar preocupada com o passado distante, sem oferecer lições para o presente. Os arqueólogos, estudando a consolidação da agricultura, reconstruíram uma fase crucial da história humana, etapa que nós cometemos o pior engano dessa história. Forçados a escolher entre limitar a população ou aumentar a produção de alimentos, nós escolhemos a segunda opção e fomos levados à mais fome, à guerra, e à tirania.

O caçador-coletor praticou o mais bem sucedido e mais prolongado estilo de vida da história da raça humana. Em contraste, nós estamos ainda lutando com a bagunça que a agricultura nos ofereceu, e é ainda obscuro se nós poderemos resolver tais conseqüências. Suponha que um arqueólogo que visitou o espaço sideral estivesse tentando explicar a história humana para outros colegas do espaço. Ele poderia ilustrar os resultados de suas escavações através de um relógio de 24 horas, onde cada hora representa 100.000 anos de intervalo de tempo. Se a história da raça humana começou à meia-noite, então nós seríamos agora quase o final do nosso primeiro dia. Nós vivemos como caçador-coletor por quase todo esse dia, da meia-noite ao amanhecer, do meio-dia ao pôr-do-sol. Finalmente, às 23h:54m nós adotamos a agricultura. À medida que nossa segunda meia-noite se aproxima, o mal estado de milhões de camponeses famintos e doentes alcançará a todos os demais? Ou nós, de alguma maneira alcançaremos as benções sedutoras que nós imaginamos advir da luminosa fachada da agricultura, e que até agora tem nos iludido?

Título original em inglês: “The worst mistake in the history of human race”
(by Jared Diamond, University of California at Los Angeles (UCLA) Medical School)
Publicado na revista: Discovery magazine, em Maio de 1987, páginas 64-66.

Traduzido por José Carlos B Peixoto

Fonte:
http://ervadaninha.sarava.org/Jared%20Diamond%20-%20O%20Pior%20Erro%20na%20Historia%20da%20Raca%20Humana.html

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